domingo, 29 de janeiro de 2012

A culpa não é minha

Eu não vou assumir a culpa pela tragédia provocada por mais um prédio farofa do Rio, que se desmancha e cai sobre outros e mata mais de uma dezena de pessoas. Ora, se o Via duto da Paulo de Frontin caiu nos anos 70, junto com o Ideal de pilares, sem ninguém assumir o erro ou ser levado à cadeia, porque eu terei que assumir?
Já assumi a culpa por ter ajudado a criar a figura nefasta de Lula e seus sguidores, quando ainda era um tolo jovem jornalista nos anos 80. Já assumi não ter sido forte o bastante por não ter tido competência de impedir que Dilma mantivesse o PMDB com seus tentáculos sobre todo o país, para garantir um projeto petista de poder. Mas, essa culpa eu não quero.
Culpem o Crea, aquele conselho sem vergonha que só aparece na mídia nos momentos de tragédia e não move uma só colher de pedreiro na busca de uma fiscalização eficaz das obras e construções no estado e em todo o país.
E como todos os conselhos regionais, serve apenas como um grande caça-níqueis e aparelho de proteção da própria espécie.
Culpem os Clubes de Engenharia, pelas mesmas razões acima.
Não, não vou assumir essa culpa. Eu nem estava lá, como os governos federal, estaduais e municipais não estavam também, nunca estieram. Culpem os catadores de papel, aqueles malditos, que não tinham nada que estarem fazendo alí, engrossando a lista de mortos.
E aqueles malditos alunos de curso. Gente burra, que insiste em estudar até tarde, acreditando que neste país a dedicação valerá a pena. Culpem os advogados e contadores, que estava no interior do prédio, certamente maquiando balanços ou buscando um novo habeas-corpus para algum traficante. Sim, porque, no Brasil, após um longo inquérito, as vítimas sempre são as responsáveis pelas mazelas. Eu? to fora.

Nenhum comentário: